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Eflorescência em Edificações: Causas, Diagnóstico e Soluções


Eflorescência  no piso cerâmico
Exemplo de Eflorescência - Patologia na Construção Civil

📘 E-book Técnico / Material Informativo - Mangieri Apoio Técnico

Eflorescência em Edificações: Causas, Diagnóstico e Soluções



✍️ Nota do Autor

Este e-book foi elaborado de forma autoral, com base em experiência prática de vistorias e laudos técnicos, associada a referências normativas e bibliográficas amplamente reconhecidas. O conteúdo foi reescrito em linguagem própria, didática e interpretativa, sem cópia literal de textos de terceiros.

1. O que é Eflorescência?

A eflorescência é uma manifestação patológica comum em edificações, caracterizada por depósitos esbranquiçados ou acinzentados que surgem na superfície de revestimentos, concretos, argamassas e alvenarias.

Esses cristais são formados por sais solúveis que migram através do material com a umidade e se cristalizam após a evaporação da água. Em alguns casos, podem apresentar tonalidades diferentes (esverdeadas ou amarronzadas), dependendo do tipo de sal ou até da interação com fungos.


📌 Três condições essenciais precisam coexistir para que a eflorescência ocorra:

  1. Sais solúveis – presentes no cimento, areia, água de amassamento ou no próprio solo.

  2. Umidade – a água funciona como veículo para dissolver e transportar os sais.

  3. Vaporização – a solução salina alcança a superfície e a água evapora, deixando o depósito cristalino.

👉 Resumindo: a eflorescência não é apenas um problema estético; ela é um alerta técnico de que há umidade em excesso no sistema construtivo.


2. Relação com Falhas Construtivas

A eflorescência é sempre sintoma de um desequilíbrio maior. Entre os fatores mais comuns:

  • Ausência de promotores de aderência: em sistemas impermeabilizados, muitas vezes é obrigatório o uso de primers (como o ICOFORCE ou equivalentes) para garantir que a argamassa colante adira corretamente à membrana. A falta dessa etapa gera baixa aderência e abertura de microfrestas para passagem de água.

  • Variações térmicas: a dilatação e retração dos revestimentos cerâmicos provocam atritos nas bordas, desgastando a impermeabilização e abrindo rotas para infiltração.

  • Drenagem insuficiente: quando não há caimento adequado ou ralos bem dimensionados, a água se acumula sob os revestimentos, criando microdepósitos de umidade.

  • Impermeabilização deficiente: falhas de execução, sobreposição incorreta de camadas ou ausência de ensaios de estanqueidade previstos na ABNT NBR 9574.


3. Onde é Mais Comum?

  • Lajes impermeabilizadas revestidas com cerâmica (varandas, garagens, coberturas).

  • Áreas molhadas internas (banheiros, cozinhas, lavanderias).

  • Entorno de piscinas e pisos externos expostos à chuva.

  • Fachadas de alvenaria, especialmente sem detalhamento de pingadeiras, rufos e selagens.

  • Jardins sobre lajes, quando não possuem manta geotêxtil, drenagem adequada ou ralos de fundo.

4. Impactos da Eflorescência

  • Estética prejudicada: mancha branca ou acinzentada visível.

  • Durabilidade reduzida: rejuntes e argamassas deterioram mais rapidamente.

  • Risco de infiltrações internas: o acúmulo de umidade compromete lajes e paredes.

  • Descolamento de revestimentos: baixa aderência favorece a soltura das placas.

  • Desvalorização do imóvel: aparência de falta de manutenção e patologia construtiva.


5. Como Diagnosticar

O diagnóstico exige abordagem técnica estruturada:

  1. Inspeção visual e mapeamento: identificar rotas de entrada de água (ralos, pingadeiras, juntas, fissuras).

  2. Classificação da eflorescência:

    • Inicial – comum logo após a obra, pode reduzir com o tempo.

    • Recorrente – sinal de infiltração contínua ou falha de impermeabilização.

  3. Ensaio de estanqueidade: conforme NBR 9574, manter lâmina d’água por 72 horas sobre a laje impermeabilizada.

  4. Ensaio de aderência: conforme NBR 13753/13754, verificar resistência entre substrato, argamassa e revestimento.

  5. Análises laboratoriais (opcional): DRX, IR ou condutividade iônica para identificar composição dos sais e auxiliar na estratégia de remediação.

6. Prevenção da Eflorescência

Durante a obra:

  • Projetar impermeabilização segundo NBR 9575 (caimentos, drenagem, compatibilidade).

  • Executar conforme NBR 9574 (com teste de estanqueidade antes da entrega).

  • Usar argamassa colante AC-II ou AC-III em áreas externas ou críticas.

  • Aplicar rejuntes epóxi em locais com contato intenso com água.

  • Selecionar cimentos de menor teor de hidróxido de cálcio (CP-III ou CP-IV).

Após a obra:

  • Manter ralos limpos e funcionais.

  • Refazer rejuntes e selantes periodicamente.

  • Evitar uso de água em excesso na limpeza de superfícies porosas.

7. Técnicas de Correção

  • Nível 1 – Superficial: escovação a seco, limpeza com água e detergente neutro; em alguns casos, solução ácida suave (como ácido sulfâmico ou vinagre diluído).

  • Nível 2 – Localizado: refazer rejuntes, aplicar resinas hidrofugantes e corrigir falhas de caimento ou drenagem.

  • Nível 3 – Estrutural: remover todo o revestimento e a impermeabilização comprometida, preparar a superfície, aplicar novo sistema impermeabilizante e refazer o piso. Sempre realizar ensaio de estanqueidade antes da reinstalação do revestimento.

📌 Atenção especial a jardins sobre lajes: usar drenagem de fundo e manta geotêxtil para evitar que a água de irrigação alcance o revestimento.

8. O Papel do Engenheiro Civil

A presença de um engenheiro é fundamental na análise e solução de casos de eflorescência.Esse profissional pode:

  • Realizar vistorias técnicas detalhadas.

  • Identificar se a causa é de projeto, execução ou manutenção.

  • Indicar ensaios específicos (aderência, estanqueidade, análise de sais).

  • Propor soluções definitivas, evitando reparos paliativos.

9. Checklist Rápido

✅ Projeto e execução de impermeabilização segundo NBR 9575 e NBR 9574.✅ Ensaios de estanqueidade antes da entrega da obra.✅ Argamassa colante e rejuntes compatíveis com o ambiente.✅ Drenagem adequada em lajes, varandas e jardins.✅ Inspeção periódica e manutenção preventiva.

📚 Referências Bibliográficas (formato ABNT)

Referências

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9574: Execução de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575: Seleção e projeto de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2010.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13753: Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13754: Revestimento de parede com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14081-1: Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas – Parte 1: Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14992: Argamassa para rejuntamento de placas cerâmicas – Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

  • AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). ACI 116R-90: Cement and Concrete Terminology. Farmington Hills, 1990.

  • BRITISH STANDARDS INSTITUTION (BSI). BS 6110:1991: Code of practice for wall and floor tiling. London, 1991.

  • AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C67: Standard Test Methods for Sampling and Testing Brick and Structural Clay Tile. West Conshohocken, 2020.

  • BRICK INDUSTRY ASSOCIATION (BIA). Technical Note 23A: Efflorescence – Causes, Prevention, and Reduction. Virginia, 2006.

  • NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH (NIH). Office of Research Facilities. Technical Bulletin: Efflorescence in Masonry Walls. Bethesda, 2005.

⚖️ Aviso Legal

Este e-book tem caráter técnico-informativo e destina-se a engenheiros, arquitetos, síndicos e demais profissionais da construção civil. O conteúdo não substitui a necessidade de acompanhamento especializado em cada caso concreto. A reprodução parcial é permitida desde que citada a fonte.

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