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DRENO DE SOLO (OU DRENO FRANCÊS): FUNÇÃO, EXECUÇÃO E CUIDADOS ESSENCIAIS E USO EM DIVISAS E NO INTERIOR DE EDIFICAÇÕES

⚖️ Nota Técnica e de ResponsabilidadeEste conteúdo tem caráter técnico-informativo e foi elaborado com base em referências normativas e manuais de engenharia reconhecidos.Seu objetivo é orientar engenheiros, arquitetos, síndicos e demais profissionais da construção civil sobre boas práticas de drenagem de solo.O texto não substitui a análise técnica individualizada de cada caso.


INTRODUÇÃO

Dreno de Solo ou Dreno de Terreno

A drenagem adequada do solo ao redor das fundações é uma das medidas mais eficazes para prevenir infiltrações, eflorescência e danos estruturais em edificações.


Entre as soluções mais utilizadas destaca-se o dreno de solo, também conhecido como dreno francês, que consiste em um sistema de tubulações e materiais filtrantes projetado para conduzir a água subterrânea até pontos de descarte seguros, evitando pressão sobre fundações e paredes enterradas.


1. IMPORTÂNCIA DO DRENO DE SOLO

O acúmulo de água junto às fundações é uma das principais causas de umidade ascendente, manchas em rebocos, bolor e deterioração precoce de alvenarias.Além do desconforto estético, a presença constante de umidade compromete o desempenho da edificação, podendo provocar desplacamento de revestimentos, corrosão de armaduras e instabilidade localizada do solo de apoio.



Por isso, a instalação de drenos perimetrais é uma prática amplamente recomendada tanto em novas construções quanto em reformas de residências térreas, muros de arrimo e edificações em terrenos com baixa drenagem natural.


2. PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO DA OBRA

Antes da escavação, é indispensável:

  • Verificar interferências subterrâneas, como cabos, dutos de gás, rede elétrica e esgoto, consultando as concessionárias locais.


  • Definir o trajeto do dreno, garantindo uma inclinação mínima de 1% (1 cm/m) no fundo da vala para permitir o escoamento gravitacional da água até o ponto de descarte — que pode ser uma caixa de inspeção, poço de infiltração ou sarjeta pública.



3. ESCAVAÇÃO DA VALA

A vala deve ser aberta ao longo do perímetro da fundação, respeitando dimensões compatíveis com o tipo de solo e profundidade da fundação.Para edificações residenciais, adota-se normalmente:


  • Profundidade: até 1,00 m;

  • Largura: cerca de 0,40 m;

  • Altura útil drenante: em torno de 0,50 m.

O fundo deve ser regularizado e livre de elementos que possam perfurar o geotêxtil.

Dreno de Solo

4. PREPARAÇÃO DA VALA

  1. Manta Geotêxtil

    Forre integralmente a vala com manta geotêxtil não tecida, deixando sobra nas laterais para fechamento posterior.

    Essa manta atua como filtro, impedindo que partículas finas do solo penetrem no sistema e provoquem colmatação (entupimento).


  1. Camada de Brita de Base

    Aplique uma camada de 2 a 5 cm de brita nº 2 ou cascalho grosso no fundo da vala, servindo de base de assentamento e facilitando a percolação da água.



5. INSTALAÇÃO DO TUBO DRENANTE

  1. Seleção do Tubo

    Utilize tubo corrugado perfurado de PVC ou PEAD, com diâmetro entre 75 mm e 100 mm.

    Os furos devem permitir a entrada de água sem arraste de partículas finas, conforme especificação do fabricante.


  2. Posicionamento

    Apoie o tubo sobre a camada de brita, mantendo os orifícios voltados para cima ou lateralmente (seja um “tubo-dreno”, não tem problema dos furos estarem em toda periferia do tubo). Essa disposição favorece a captação da água sem o acúmulo de sedimentos.

    Dreno de Solo Manta Geotêxtil

  3. Conexões

    Interligue os segmentos com luvas ou uniões de encaixe, garantindo estanqueidade e continuidade do sistema.


⚙️ Referência técnica: DNIT 722/2017 – Drenagem Subterrânea: Critérios de Projeto e Execução.


6. RECOBRIMENTO E FECHAMENTO

  1. Tubo Dreno e Manta Geotêxtil

    Camada Superior de Brita

    Após a instalação, cubra o tubo com 10 a 15 cm de brita ou cascalho.


  2. Encapsulamento com Geotêxtil

    Dobre as bordas da manta sobre o conjunto (tubo + brita), formando um envelopamento completo que bloqueia a entrada de sedimentos.


  1. Preenchimento Final da Vala

    Recoloque o solo escavado, preferencialmente arenoso e seco, compactando em camadas.

    Evite materiais argilosos ou expansivos.


7. DESTINO DA ÁGUA DRENADA

Drenagem de Terrenos

O dreno deve conduzir a água para um ponto de descarga seguro, como:

  • Poço de infiltração (sumidouro);

  • Rede pública de águas pluviais;

  • Área de dispersão controlada dentro do lote;

  • Sarjeta da via pública, desde que o escoamento não cause erosões.


💧 Atenção: É proibido o lançamento de águas drenadas em redes de esgoto sanitário, conforme a Lei Federal nº 11.445/2007 e a ABNT NBR 8160 – Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário.


8. MANUTENÇÃO E DURABILIDADE

Embora o dreno seja um sistema passivo, recomenda-se inspeções periódicas, principalmente após chuvas intensas:

  • Verifique se há obstruções no ponto de saída;

  • Observe a vazão — se houver redução, pode haver colmatação;

  • Limpe periodicamente grelhas e caixas de inspeção.


🔎 Dica técnica: Para sistemas longos, preveja caixas de inspeção intermediárias a cada 10 m ou em mudanças de direção.


REFERÊNCIAS TÉCNICAS

  1. DER/PR – Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná.


    Manual de Execução de Serviços Rodoviários – Tomo II: Drenagem. Curitiba, 2023.

  2. DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.


    Manual de Drenagem de Rodovias – DNIT 724/2017. Brasília, 2017.

  3. DNIT. Manual de Drenagem Subterrânea – DNIT 722/2017. Brasília, 2017.

  4. IAT/PR – Instituto Água e Terra. Manual de Drenagem Urbana – Versão 01. Curitiba, 2020.

  5. OLIVEIRA, Nathalya Raquel Nobre. Estudo sobre Envoltórios Filtrantes em Drenos Subterrâneos. Instituto Tecnológico Vale, 2021.

  6. Lei Federal nº 11.445/2007. Política Nacional de Saneamento Básico.

  7. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

    • NBR 8160:1999 – Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário – Projeto e Execução.

    • NBR 15575:2021 – Edificações Habitacionais – Desempenho (itens sobre estanqueidade e durabilidade de sistemas construtivos).


⚖️ Aviso LegalEste e-book tem caráter técnico-informativo e destina-se a engenheiros, arquitetos, síndicos e demais profissionais da construção civil. O conteúdo não substitui a necessidade de acompanhamento especializado em cada caso concreto. A reprodução parcial é permitida desde que citada a fonte com o link desta página.

 

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